sexta-feira, 6 de março de 2009

Protesto estudantil tumultua aula na ECA

[pra estrear com polêmica no blog...sei que alguns dos autores não vão gostar! hehe]

No dia 6 de março, estudantes ligados ao Centro Acadêmico da ECA fizeram um protesto contra a Folha de São Paulo e a polêmica da “ditabranda” (neologismo citado no editorial do dia 17 de fevereiro). Com duas faixas e muitas perguntas, eles exigiram explicações dos representantes do jornal que ministram a disciplina Estudo de Caso – Imprensa Diária, no CJE.

Mesmo um boIMG_3389m debate sendo uma experiência enriquecedora, é importante que se saiba, com quem debater, quando e sobre o quê.

Uma pessoa que não sabe escolher suas batalhas acaba perdendo todas e, em muitos casos, perde até sua credibilidade. O CALC vem sofrendo com isso desde gestões passadas entre muitos alunos da ECA, que deixaram de ver a entidade como a sua representante.

Dessa vez, o tema do debate era cabível, claro. Independente da posição que se tome, a Folha –não só com o editoria, mas, principalmente, em suas notas no painel do leitor- abriu um largo espaço para críticas. Mas será que a sala de aula (alheia) é o melhor espaço para isso? O que os alunos da disciplina (representados, ao menos em teoria, por quem foi protestar) pensam sobre a utilização de seu tempo para esse debate?

Mas isso ainda é muito polêmico. Talvez as aulas devam, sim, ser interrompidas e virar tumultuadas sessões de debate entre quatro ou cinco pessoas, não sei.

E aí tem uma questão que não parece ser complicada: com quem debater. Ora, debate-se com o responsável, com aquele que sabe.

Ana Estela, editora de treinamento da Folha, definitivamA jornalista Ane Estelente não era a responsável. Suas atribuições não  envolvem a redação de editoriais, a seleção de cartas para o Painel do Leitor ou mesmo a resposta a essa correspondência. Ainda assim ela foi bombardeada com perguntas sobre o tema, foi criticada e convocada a responder sobre o histórico do jornal em épocas de ditadura. Teve de ouvir perguntas como “como a Folha pode dizer que quer aproximar os jornalistas dos estudantes se Herzog foi morto na ditadura?”. E mostrou que, embora não seja a responsável, ela sabia.

Pior do que perguntar para a pessoa errada, talvez, é não estar preparado para um debate. Escolha bem suas batalhas, Prepare-se bem para todas elas. Quando Ana Estela perguntou a exata frase escrita pela edição da Folha e que causou tanta disputa, ninguém soube responder. Ela citou, explicou, argumentou e encerrou o debate.

E a equipe da casa saiu quieta, no meio da aula.

9 commentz:

Murilo Azevedo disse...

Gostei muito do texto em si e da maneira que você escreve Amanda. E as fotos, colocadas no lugar certo deram um algo a mais.

Sobre o posicionamento, estou ao seu lado; e até vai ser divertido o debate com os outros, que com certeza discordarão, não Yuri?

Meu sonho é que o Calc parasse de tentar achar sarna pra se coçar e realmente brigasse por algo importante para os alunos da ECA;

Yuri Gonzaga disse...

Ótimo texto, não fazia ideia do que tinha acontecido hoje pela manhã no cje.

Acho que a atitude do CALC é bem semelhante à das chapas anteriores, mas é mais para mostrar que estão vivos do que por indignação, mesmo. O pessoal está no terceiro ano de jornalismo e poderia muito bem ter LIDO o editorial antes de ir meter a boca numa jornalista que não escreveu aquilo. Não me orgulho do que aconteceu, mas me dá vontade de participar para que isso desse certo. Não acho que é "procurar sarna pra se coçar", mas observar criticamente. É óbvio que foi ruim, mas é necessário.

Ah, "equipe da casa" ficou ótimo.
hhauhauhau

Amanda Previdelli disse...

Mu, entendo bem o que vc quer dizer com o "sarna pra se coçar"...eu realmente acho que a gente tem de escolher nossas batalhas. Até agora só vi o CALC brigando por coisas como essa e o miss bixete, sabe?
E não é só questão de brigar, mas de promover eventos interessantes... Quem faz isso pra gente acaba sendo a J.

Yuri, pô! Tava esperando ser massacrada por vc! hahahaha
E pensei que vc fosse fazer a matéria da Folha, vale a pena viu.
Acho que se o CALC faz essas coisas pra mostrar que estão vivos, não por indignação, isso ainda piora as coisas.
Eles leram e até xerocaram e espalharam pela sala (o que eu achei a atitude mais correta que eles tomaram), mas pelo visto não leram bem o suficiente ou se deixaram levar por todas as críticas já escritas antes de fazer seu próprio julgamento.

Te dá vontade de participar do quê? Do CALC? Do protesto?

Sei lá...me dá vontade de participar da J., pra tentar usá-la como um tipo de CA dos jornalistas. Acho que lá seria menos criticada...

Luísa Costa disse...

Falou e disse. Gostei do texto!

Mas não creio que seja uma questão de escolher batalhas, da parte do CALC. Não precisaria escolher contanto que estivesse, de fato, representando os alunos da ECA - e, portanto, teria o apoio da maioria deles. Acho que você poderia ter usado menos a idéia das batalhas: ela em itálico no penúltimo parágrafo deu um ar meio Karate Kid ao texto.

O foda das atitudes do CALC é que, embora elas até aparentem ser engajadas e politizadas, sempre se confundem com falta de respeito e ponderação. E, ainda bem, a falta desses valores não representa nossa faculdade (já não digo o mesmo sobre a falta de engajamento e politização)

E estou segurando o comentário desde ontem, e a foto não me deixou esquecer: adorei o estilo da Ana Estela e o cinto que ela estava usando. hihihi

Priscila Jordão disse...

O que me deixa mais puta é que o CALC não mantém diálogo com os alunos e mesmo assim levanta a bandeira da representação. Alguém me perguntou o que eu acho da ditabranda antes de invadir minha aula e protestar em meu nome? Como a Lu disse, se assim fizesse, o CALC não teria que escolher batalhas. Na boa, fiquei morrendo de vontade de pedir desculpas pra Ana Estela, e acho que vou na coletiva de sexta.

Amanda Previdelli disse...

Na verdade, Lu, a idéia está em itálico porque não é minha, por isso acho que o texto ficou assim. Não digo que ficou "com um ar meio Karatê Kid", que eu nunca vi, mas talvez meio A arte da guerra, que eu já li (quem sabe até um pouco maquiavélico? -prefiro pensar assim).

Fora isso, claro que o CALC precisa representar os valores dos alunos, mas isso não significa que ele não deva escolher suas batalhas. Quando digo escolher é importante deixar claro que não é pra não lutar por tudo que vc acha justo, mas avaliar suas prioridades, pra não ficar "atirando pra todos os lados".
Afinal, quem atira pra todos os lados raramente é levado a sério.

Yuri Gonzaga disse...

Amanda, pq eu iria contra vc ou seu texto? Fui contra tanto a atitude do CALC ir lá protestar quanto a incapacidade de fazê-lo eficiente (ou menos vexaminoso).

Eu tô entrando no CALC, mas é que o pessoal já tem partido, lá dentro. Vou entrar considerado um espião, o que não será nada confortável :P

Yuri Gonzaga disse...

Ahn... tem como mudar a tag?
O jornal chama Folha de S. Paulo e não "Folha de São Paulo", ok?

Amanda Previdelli disse...

Você tá entrando? Nossa, sou super a favor.
Achei que você fosse ir contra por causa das críticas, mas tava mais brincando, mesmo. :)
Já mudei a tag. Próxima vez que eu fizer uma c*g*d* dessas só entra em editar meu post e muda a tag. Sou péssima com tags...¬¬