quinta-feira, 9 de abril de 2009

O mundo vai acabar?

O meu estágio no Núcleo José Reis sempre me permitiu (e permite) publicar textos semelhantes ao que eu escreveria para um blog. Sei bem que este é Experimenta(l), e meus textos nada mais são que experimentais, apesar de não inéditos. Se alguém discordar de eu postar algo que já veio a público, é só falar, vou deletar na boa!
Já escrevi diversos, mas acho que o texto de que mais gosto é esse, apesar das oscilações no "tom". Segue na íntegra.
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Diante da cada vez mais difundida sociedade de consumo, baseada no “American Way of Life”, o planeta se vê encurralado e, incansavelmente, é saqueado para a produção de bens a serem comercializados. Em especial as empresas de mercadorias de alta tecnologia, como são as de eletrônicos, informática e robôs, a inovação é fator essencial e constante, jogando as gerações passadas de produtos para a lata renegada do obsoleto. Se analisarmos bem, será que toda essa gama de “últimas gerações” é necessária?

Computador mais rápido, televisão maior, som mais potente. “Estou precisando disso” é o que diria um desses usuários assíduos (ou nem tanto) de produtos eletrônicos. Claro, o PC ou Mac é necessário para trabalhar com maior eficiência, a televisão para chamar aquele grupo de amigos para assistir a um filme ou a um jogo de futebol, o som para valorizar os músicos que são reproduzidos nele. É difícil de classificar como imprescindível qualquer uma dessas substituições. Excluindo-se as áreas que demandam tecnologia pelo bem da humanidade, como da medicina ou biotecnologia, é óbvio, vejo como sendo uma superficialidade tremenda esse consumismo exacerbado.

É uma questão de status. Exibir-se com o mais novo, o mais caro, enfim, o mais “mais” é o que importa.Desde roupas, carro, relógio e celular até o que você come: deve tudo ser de marca de renome. E essa atitude tem invadido até as sociedades que outrora se fechavam contra o sistema capitalista, como China e Cuba. Com tanta gente comprando, descartando e não reciclando nesse ritmo, a extração de minérios, vegetais, uso de água e gasto de energia têm aumentado em proporção gigantesca. Não parece que a Terra tem condições de suportar o que já existe de transformado nela, imagine num futuro próximo, se a tendência da produção industrial não é de diminuição.

Fontes renováveis de energia, investimento na reciclagem do lixo, uso alternativo de matérias-primas, mas principalmente a conscientização dos consumidores de todo o mundo são a solução para a falta de recursos. Se todo o hábito de consumo for reeducado, como, por exemplo, procurar produtos duráveis e recicláveis (caneca no lugar de copo plástico, fraldas não descartáveis, sacola de pano no lugar de plástico), comprar algo melhor – mesmo que com preço maior – e que dure mais, vai ficar fácil desenvolver-se sustentavelmente. É necessário cada um fazer sua parte. Lembre-se que o mundo não vai acabar (pelo contrário, os seres humanos dificilmente conseguirão dar um sumiço no planeta), mas os recursos virgens o farão, junto com todo o estilo de vida atual. É preciso desacelerar, repensando o que precisamos ou não, de fato.

(Publicado originalmente em http://www.eca.usp.br/njr/inf72.htm)

6 commentz:

Luísa Costa disse...

vou comentar só porque fiquei um tempo gigante nessa janelinha e dei ctrl-x no final.

e falo o quê? que este post me foi tão inspirador que acabei fazendo outro, meio discordante, meio sem revisão, mas saído daqui.

então, assim: não concordo, mas gostei, pois estimula o debate.

Priscila Jordão disse...

siiim, foi bonito mesmo, inspirador! yuri, vc passou bem a mensagem sem aquele tom ecochato!

Priscila Jordão disse...

aquele tom ecochato dos ecochatos, não seu nem de ninguém aqui! hauhauah

Amanda Previdelli disse...

Gostei do texto e gostei dele ter sido publicado originalmente em! huhu
você está chique Yuri!

Só uma coisa: acho que faltou falar que um dos maiores problemas é que as pessoas até compram algo melhor e que dura mais. Mas não se contentam com isso. O meu ipod tem potencial pra durar muitos anos, mas quando sair o iphone eu VOU TER de trocar. Aí quando, um ano depois, sair o novo iphone, tudo de novo. Acho que você até falou isso, mas não chamou a atenção que eu acho que deveria ter sido chamada.

No fim do texto, tem um trecho que eu não entendi:
"Lembre-se que o mundo não vai acabar (...), mas os recursos virgens o farão, junto com todo o estilo de vida atual."Os recursos virgens vão acabar com o mundo ou eles também vão acabar? Acho que ficaria muito mais claro por algo como "Lembre-se que o mundo não vai acabar, mas os recursos virgens vão. Junto com todo o estilo de vida atual".
Dá mais impacto e fica mais claro, na minha opinião.

Priscila Jordão disse...

"os recursos virgens irão, assim como o estilo de vida atual"

Yuri Gonzaga disse...

Concordo plenamente com trocar a frase sobre os recursos virgens.